Consignado e aplicativo travado lotam agências da Caixa Econômica

28/10/2022

Procura pelo empréstimo para beneficiários do Auxílio Brasil e problemas no app Caixa Tem provocaram filas numerosas nas unidades da CEF

Problemas no aplicativo Caixa Tem e a procura pelo empréstimo consignado do Auxílio Brasil lotaram as agências da Caixa Econômica Federal ao longo da manhã de ontem. Nas zonas Norte e Leste da capital amazonense centenas de pessoas enfrentavam a fila desde a madrugada para conseguir atendimento.

Barbeiro autônomo, Raimundo Arnaldo Gomes Pantoja, 43, chegou às 4 horas da manhã e conseguiu pegar a senha de número 70 em uma agência no bairro São José. Além da demora, ele reclamou do mau atendimento e disse que chegou a ser chamado de “analfabeto” por uma das atendentes da agência ao pedir ajuda para preencher a ficha de atendimento. Ele tenta há dois dias a liberação do Auxílio Brasil que, segundo ele, estava em conta, mas “eles não querem pagar”.

“O gerente falou para mim que o benefício tinha sido cortado, mas eu ligo para lá e diz que o dinheiro está liberado. Eles não querem me pagar. Eu quero receber para pagar as minhas contas. Ontem ele me atendeu com maior ignorância. Ele disse que era para eu procurar meus direitos, porque não iam me pagar, mas ele mostrou o computador está lá o valor para eu receber desde o dia 24”, afirmou.

Liberação

Na terça-feira, foi liberado o último lote de pagamentos do Auxílio Brasil referentes ao mês de outubro. O benefício de R$ 600, em média, é concedido a famílias em situação de extrema pobreza (renda familiar mensal per capita de até R$ 105) e em situação de pobreza (renda familiar mensal per capita entre R$ 105,01 e R$ 210) que tenham gestantes ou pessoas com menos de 21 anos no núcleo familiar.

Na outra ponta da fila, o autônomo, Antônio Acélio Félix, 55, aguardava a vez com um papelão nas costas para se proteger do sol. Ele guardava lugar para a esposa que ia receber a primeira parcela do Auxílio Brasil e aproveitou para resolver um problema com a senha do Caixa Tem.

“Eu perdi o número, porque roubaram meu celular e tenho que colocar um novo telefone. Não tenho acesso ao PIX. Eu vim aqui ontem [terça-feira]. Quando eu vim com a minha esposa, ela estava com a carteira de identidade muito velha, mas ela trouxe a carteira de trabalho dela e disseram que não serve. É documento de identificação, deviam aceitar. Já marcamos para tirar outra, mas custa quase dois ou três meses”, disse.

O aplicativa Caixa Tem é o principal acesso dos beneficiários aos programas sociais, e foi difundido, principalmente durante a pandemia para facilitar o acesso ao Auxílio Emergencial. Agora, o mesmo app passou por diversas atualizações para a melhoria da usabilidade, mas segundo os relatos ainda tem dificultado o acesso aos serviços, pois, por exemplo, em caso de senha esquecida ou informação incorreta é necessário se deslocar até uma agência física para resolver a situação.

“Todo mundo veio ver problema com o Caixa Tem, porque o aplicativo não presta. Nunca dá para entrar. Eu vim várias vezes. Chegamos 7h, mas teve gente que dormiu na fila estavam em cadeiras jogados na entrada da agência. Eles acham que a gente não tem nada pra fazer e a gente tem que vir pra cá”, reclamou a autônoma, Derliane Fernandes, 29, enquanto aguardava a vez no atendimento acompanhada de amigas que também foram resolver problemas de acesso na plataforma.

‘Os juros são lá em cima’

Beneficiários do Auxílio Brasil procuraram agências da Caixa em Manaus em busca do consignado

No Caixa Tem também é possível realizar empréstimos do próprio aplicativo e por meio da antecipação do Saque-Aniversário do Fundo do Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O primeiro foi a opção encontrada pela dona de casa Yazlyn dos Santos, 21, para dar continuidade a uma obra em sua casa.

No entanto, a terceira parcela das 24 do empréstimo não aparece com quitada por problema no sistema.

“Eu paguei duas parcelas do empréstimo do Caixa Tem de R$ 300. No aplicativo aparece como se eu tivesse pagado só duas parcelas, sendo que eu paguei três. Vai vencer mais uma agora no dia 28”, relatou.

Mesmo com um empréstimo a pagar, ela afirma que pretende também solicitar mais um empréstimo via Auxílio Brasil para tentar concluir a obra. De acordo com as normas estabelecidas pelo governo federal, o valor máximo do consignado está limitado a 40% do valor mensal do Auxílio Brasil e no calculo é considerado somente R$ 400, já que os atuais R$ 600 não estão citados no orçamento para o próximo ano.

“Eu pretendo pegar esse outro empréstimo para terminar de construir a minha casa. Eu vim ver aqui [na agência], porque no aplicativo não aparece [essa opção]”, disse a dona de casa ao responder timidamente que não se preocupa com a quantidade de juros incidentes sobre o consignado.

Na sexta-feira, o juiz Rosselberto Himenes, da Comarca de Manaus, negou o pedido da Defensoria Pública do Amazonas para proibir a liberação de consignados para beneficiários do programa Auxílio Brasil por “violar direitos e a garantias constitucionais” por impedir a “liberdade contratual” dos beneficiários.

A Caixa enviou a documentação ao TCU no início desta noite. Segundo o banco, foram emprestados R$ 4,291 bilhões a 1,681 milhão de pessoas desde 11 de outubro. Na terça-feira, a Caixa Econômica Federal pediu ao Ministério da Cidadania cinco dias úteis para a liberação da linha de crédito. Com a medida, os empréstimos pedidos só serão liberados após o segundo turno das eleições.

Uma das beneficiárias que aguarda o pagamento é a autônoma, Vanessa Rodrigues, que mesmo sabendo dos juros acima do mercado pretende usar o dinheiro “não para luxar, mas para manter a casa”.

“Quem precisa, tem que fazer. Para a pessoa [o empréstimo] fazer tem que pensar, porque os juros são lá em cima. Não tem como depender só do Auxílio Brasil, tem que fazer um bico também”, justificou.

Fonte: A Crítica

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