Sob sombra de Americanas, bancões devem somar R$ 23,4 bi de lucro

30/01/2023

Essa é a previsão para o resultado dos quatro maiores bancos no quarto trimestre de 2022, de acordo com a média das estimativas de oito casas. Os quatro maiores bancos do País são credores da Americanas, que pediu recuperação judicial (Por Matheus Piovesana)

Os quatro maiores bancos brasileiros de capital aberto devem mostrar lucro somado de R$ 23,411 bilhões no quarto trimestre de 2022, de acordo com a média das estimativas de oito casas (BTG Pactual, Credit Suisse, Bradesco BBI, Citi, Goldman Sachs, Safra, Santander e UBS BB) consultadas pela Coluna. A temporada de resultados começa nesta semana sob a sombra do caso Americanas, e analistas de mercado divergem sobre os possíveis impactos. O BTG Pactual, por exemplo, atualizou estimativas para incluir esse fator. O Credit Suisse, por sua vez, considera mais provável um provisionamento a partir do primeiro trimestre.

O mercado espera que o BB e o Itaú tenham saltos de 41% e de 16% nos lucros, respectivamente, e antevê quedas de 38% e de 32% para Bradesco e Santander. Desde o ano passado, esperava-se que a temporada fosse desigual para os quatro bancos diante das exposições de cada um a pessoas físicas. A crise da Americanas intensificou essa previsão.

Bradesco é maior credor da varejista
Em termos nominais, o Bradesco é o banco com o maior saldo a receber da Americanas, de R$ 4,8 bilhões, enquanto em termos relativos, o Santander Brasil é o mais exposto, com 0,6% de sua carteira ligados à varejista, segundo cálculos da XP Investimentos. Itaú Unibanco e Banco do Brasil têm, respectivamente, R$ 2,8 bilhões e R$ 1,4 bilhão em créditos junto à empresa.

Provisões podem ser feitas já nos balanços do 4º tri
Alguns bancos consideram fazer provisões para os créditos da varejista já nos balanços do quarto trimestre, que começam a ser divulgados na próxima semana. Embora a recuperação judicial da Americanas tenha ocorrido em 2023, as instituições financeiras podem adiantar o provisionamento ao informar um fato subsequente.

O fato subsequente é uma forma de a empresa comunicar um fator relevante, que mude a posição financeira, mas que tenha acontecido após o período a que o balanço se refere. A Americanas teve o pedido de recuperação judicial aprovado no último dia 19, e a lista de credores coloca os bancos como os mais afetados, embora ainda seja alvo de disputa.

O BTG, que já havia calculado estimativas para os balanços dos bancos antes do caso Americanas, refez a conta para considerar que cada um deles fará uma provisão adicional já no fechamento contábil de 2022. A mudança derrubou as previsões em até 30% (caso do Bradesco), mas não mudou a estimativa dos analistas para o lucro do Banco do Brasil.

Fonte: Estadão

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