Desemprego sobe para 7% em março, menor taxa da série histórica para o período; renda bate novo recorde

02/05/2025

Rendimento médio da população ocupada chegou a R$ 3.410, alcançando o patamar mais alto desde 2012 (Por Mayra Castro)

O número de pessoas desempregadas no Brasil aumentou, mas o mercado de trabalho segue aquecido, com a renda média dos trabalhadores brasileiros batendo novo recorde e redução da informalidade. É o que mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados nesta quarta-feira pelo IBGE. Mesmo em alta, a taxa de desocupação no Brasil, que subiu para 7% no trimestre encerrado em março, foi a menor para o período desde o início da série histórica do levantamento, iniciado em 2012.

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O resultado de 7% veio em linha com o esperado pelos analistas, após registrar 6,8% nos três meses até fevereiro. No trimestre encerrado em dezembro, o desemprego estava em 6,2%.


O número de pessoas em busca de trabalho, os chamados desempregados, foi de 7,7 milhões no primeiro trimestre do ano. Esse número cresceu 13,1% frente ao trimestre encerrado em dezembro, somando mais 891 mil pessoas. Ao mesmo tempo, a população ocupada do país era de 101,5 milhões, com menos 1,3 milhão de pessoas (-1,3%) na comparação trimestral.

A renda média dos trabalhadores chegou a R$ 3.410, alcançando o maior nível da série histórica iniciada em 2012, e batendo recorde pela segunda vez consecutiva. O aumento foi de 1,2% frente ao último trimestre de 2024.

Nos últimos meses, especialistas vem projetando uma desaceleração no mercado de trabalho para 2025, diante da política do Banco Central de constantes aumentos da taxa de juros na tentativa de controlar a inflação. Após fechar o ano passado com patamar recorde de desocupação, o desemprego subiu nos trimestres encerrados em janeiro e fevereiro, e agora em março.

No entanto, embora a conjuntura econômica esteja de fato menos favorável, os resultados do mercado de trabalho como um todo seguem mostrando resiliência.

Renda cresce e informalidade cai
O número de trabalhadores com carteira assinada ficou estável em relação ao trimestre móvel anterior, encerrado em dezembro, permanecendo em 39,4 milhões. Já o total de empregados sem carteira no setor privado caiu: foram menos 751 mil pessoas em relação aos três últimos meses de 2024. A quantidade de trabalhadores informais também seguiu o movimento de queda.

Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas domiciliares do IBGE, destaca que, embora tenha havido retração da ocupação, ela foi puxada por essa queda na informalidade, além de ser resultado de movimentos sazonais, como o encerramento de contratos temporários para as festas de fim de ano, que costuma ocorrer no primeiro trimestre, assim como uma maior busca por vagas após o período de férias de verão.

Portanto, isso não comprometeu o aumento da renda média e nem do contingente de trabalhadores empregados com carteira assinada, por exemplo.

— Por mais que a gente tenha períodos em que o mercado de trabalho pode sofrer por pressões da economia real, como queda de consumo e investimento, há uma resiliência. A gente observa um crescimento dos trabalhadores formais, com carteira assinada, e isso acaba dando uma estabilidade maior para essa população ocupada. Com isso, o mercado de trabalho tem uma âncora maior e pode não responder tão rápido a estímulos como a alta na taxa de juros — explica ela.

Melhora qualitativa
A pesquisadora menciona ainda o movimento de algumas atividades econômicas em 2024, como a indústria, que apresentou crescimento robusto no ano, e registrou maior número de trabalhadores ocupados. Ela explica que esse é um dado importante, já que o setor costuma ter uma grande absorção de trabalhadores formais.

Outra atividade que vem se mostrando aquecida é a dos serviços de tecnologia da informação comunicação, além dos serviços administrativos, cujos profissionais ocupados costumam ter maior rendimento.

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O resultado disso é um efeito positivo para o mercado de trabalho tanto no âmbito quantitativo como no qualitativo, em um panorama diferente do que se mostrou imediatamente após a pandemia, com um cenário melhor em 2023 e 2024.

Fernando de Holanda Barbosa Filho, economista do FGV Ibre, menciona ainda que a recuperação do mercado de trabalho após a pandemia aconteceu a partir do trabalho formal e que isso também puxa a renda para cima.

— Pode ser que esse aumento do salário seja fruto disso, porque a gente sabe que o setor formal paga mais do que o informal. Quando ele aumenta o seu peso na economia, o salário tende a subir. E o bruto das contratações, que antes era primordialmente informal, no pós-pandemia tem sido o setor formal de trabalho. Na minha visão, é uma mudança estrutural, a formalização veio para ficar, e a população mais qualificada colabora com isso.

Com isso, o economista acredita que o salário deve continuar aquecido, mesmo que os resultados do mercado de trabalho desacelerem, com um enfraquecimento da economia.

Desaceleração à frente
Na visão de economistas, a desaceleração do trimestre encerrado em março foi suave, e em linha com fatores sazonais, sem sinais de efeitos do cenário econômico adverso.

No entanto, a expectativa é que o mercado de trabalho comece a mostrar um enfraquecimento maior ao longo do ano, em resposta à política de aumento dos juros pelo Banco Central, que tende a acomodar a atividade econômica como um todo.

Mas Filho ressalva que isso também depende do governo, que pode seguir investindo em políticas fiscais que impeçam uma desaceleração efetiva.

— Eu não diria que os juros não estão funcionando, pode ser que tenha outras políticas fiscais estimulando a economia positivamente, mantendo ela mais aquecida e, de certa forma, reduzindo a eficácia da política monetária. O governo utilizou o arsenal que tinha para manter a economia aquecida, ele fez isso com sucesso, e o mercado de trabalho permaneceu aquecido. O problema dessa política é justamente o aumento de preços que a gente observou.

Pressão na inflação
André Valério, economista sênior do Inter, acredita que a inflação de serviços é um exemplo de como o mercado de trabalho robusto segue pressionando uma alta nos preços. Mas a expectativa é que isso diminua ao longo do ano. Sua projeção é que a taxa de desemprego feche 2025 em 7,5%, diante de mais um aumento na taxa de juros.

— Com todo esse aperto monetário já vemos alguns sinais de desaceleração na atividade, e esperamos que isso chegue no mercado de trabalho, que tem surpreendido em grande parte por conta do suporte da política fiscal, que manteve a renda elevada. Mas a gente também está perdendo um pouco desse suporte, com o governo mais comedido nos gastos. Então, esperamos que todos esses efeitos em conjunto gerem um impacto negativo, que eventualmente vai impactar a renda real.

Ele também acredita que a inflação deve ajudar a gerar uma compressão desse rendimento real, que tende a diminuir. Até lá, a renda em máximas históricas vai continuar representando um desafio para o Banco Central ao pressionar a inflação, especialmente no setor de serviços, como explica Rafael Perez, da Suno Research.

“Os dados revelam que o mercado de trabalho continua bastante resiliente e será um vetor importante para sustentar o consumo e a renda das famílias. Em nosso cenário base, projetamos uma leve aceleração da taxa de desemprego para 7,2% no final do ano, diante da perda de tração do ritmo de crescimento na segunda metade do ano. Mas, esse nível ainda configura um patamar historicamente baixo e coloca um viés de alta para a nossa projeção de PIB este ano”, disse o economista, em comentário.

Os economistas mencionam também as possíveis influências da guerra comercial desencadeada pela imposição de tarifas feita pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que aumentam a sensação de incerteza no cenário global, e que podem ter impactos tanto positivos quanto negativos para a economia brasileira.

Fonte: O Globo

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