Lucro dos bancos deve subir, mas perspectivas não são claras

O que deve chamar mais atenção, no entanto, é a expectativa das instituições para o restante do ano

Os grandes bancos de capital aberto devem ter novo crescimento do lucro no primeiro trimestre, com a sequência da dinâmica vista nos últimos períodos: inadimplência em leve queda e crédito crescendo moderadamente. O que deve chamar mais atenção, no entanto, é a expectativa das instituições para o restante do ano. Embora tenham divulgado suas projeções (“guidance”) há pouco tempo, o cenário externo mudou, com mais incertezas sobre o rumo dos juros nos EUA, a questão fiscal doméstica voltou ao radar e o desempenho da atividade econômica, sobretudo no agronegócio, também é uma incógnita.

Levantamento do Valor com nove casas mostra que Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander devem ter um lucro combinado de R$ 25,6 bilhões, com alta de 7,1% ante o quarto trimestre e 9,5% na comparação com o primeiro trimestre de 2023. Itaú deve seguir renovando recordes, enquanto para BB há algum receio de possíveis problemas no agronegócio. Santander provavelmente manterá a trajetória de recuperação iniciada no trimestre anterior, enquanto Bradesco continuará pressionado pelas expectativas dos investidores sobre seu processo de reestruturação.

Para os analistas do J.P. Morgan, em geral os receios com a inadimplência ficaram para trás, embora seja interessante observar como virão os números de crédito renegociado, até mesmo em função do programa Desenrola, do governo federal. Ao mesmo tempo, os dados mensais do Banco Central (BC) mostraram o crédito um pouco mais fraco que o esperado no primeiro trimestre. “Para o desempenho dos empréstimos, esperamos tendências fracas, apesar da melhoria na originação de alguns produtos, como financiamento de veículos e consignado.”

Fonte: Valor Investe