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Repercussão negativa de demissão em massa expõe fragilidade ESG e leva banco a prestar contas ao Ministério Público do Trabalho (Por Mariana Sgarioni)
Pegou mal, muito mal. O anúncio da demissão de cerca de mil colaboradores do Itaú Unibanco, na semana passada, sob o argumento de baixa produtividade durante o trabalho remoto, soou como um alarme para quem valoriza os princípios ESG de uma empresa. Neste caso, foi atingido em cheio o S, aquele que preza não apenas pelo bem-estar da comunidade, mas também pela humanização e o respeito aos funcionários.
A repercussão da decisão chegou ao Congresso Nacional e a deputada Erika Hilton (Psol-SP) protocolou um requerimento junto ao MPT (Ministério Público do Trabalho) para investigar o banco. A justiça trabalhista agora quer saber melhor o que aconteceu e solicitou à empresa documentos sobre os colaboradores demitidos e sobre o monitoramento que estava sendo feito sobre eles.
“Uma empresa tem direito total de demitir quando quiser. Mas aqui não estamos falando de qualquer empresa. Trata-se do maior banco privado da América Latina e um dos maiores empregadores deste país. Ou seja: é preciso ter responsabilidade social em seus atos. E esta responsabilidade se manifesta na forma como uma demissão deste porte foi conduzida”, comentou Lucy Nunes, fundadora da Prepara-me, startup especializada em demissão responsável.
Em nota à imprensa, o banco comunicou: “O Itaú Unibanco realizou desligamentos decorrentes de uma revisão criteriosa de condutas relacionadas ao trabalho remoto e registro de jornada. Em alguns casos, foram identificados padrões incompatíveis com nossos princípios de confiança, que são inegociáveis para o banco. Essas decisões fazem parte de um processo de gestão responsável e têm como objetivo preservar nossa cultura e a relação de confiança que construímos com clientes, colaboradores e a sociedade”.
Segundo a especialista ouvida por esta coluna, a nota expõe os funcionários a um julgamento público, o que pode rotular os profissionais, dificultando que eles se recoloquem no mercado. “Esta baixa produtividade pode até ser verdadeira, porém nunca deveria ser exposta. Como está a saúde mental de quem saiu da empresa, que teve sua reputação individual afetada? E a saúde mental de quem ficou no banco e agora se sente ameaçado? Tudo isso é responsabilidade social”, avalia Lucy Nunes.
Há analistas que sugerem, entretanto, que esta exposição de demitidos – algo que o banco já fez em outros momentos – seria uma estratégia da empresa para reforçar seus pilares inegociáveis, como a ética, por exemplo.
Porém, as denúncias não param de circular nas redes. Ainda que os funcionários desligados não estivessem cumprindo as determinações impostas pela empresa, o que ficou foi uma sensação de que impera uma cultura corporativa pouco cuidadosa ao lidar com este processo. E a fragilidade de um ESG que talvez ainda não tenha desembarcado na mesa dos Recursos Humanos.
Fonte: ig Economia
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O programa de combate ao assédio moral é uma conquista dos trabalhadores após grande mobilização na Campanha Nacional Unificada 2010. Trata-se de um acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho que tem adesão voluntária tanto dos bancos quanto dos sindicatos.