Como o maior IPCA para fevereiro em 22 anos influencia o próximo Copom

13/03/2025

Sete economistas avaliam o resultado do IPCA como uma confirmação de quem os juros vão continuar subindo na próxima reunião do Copom (Por Camila Pati)

A alta da inflação de 1,31% em fevereiro era esperada e coloca o Banco Central em alerta. O IPCA de fevereiro deve confirmar a indicação de alta dos juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) na próxima semana, na avaliação de economistas e agentes do mercado financeiro. O resultado de hoje é a maior alta do IPCA para o mês de fevereiro em 22 anos. A inflação foi puxada pelo aumento na conta de luz, com o fim do desconto do bônus de Itaipu, e pelos gastos com educação, devido à volta às aulas.

Segundo Flávio Serrano, economista-chefe do Banco BMG, a inflação registrada está bem próxima da projeção do banco, que era de 1,33%. O resultado deve levar o BC a elevar a Selic em 100 pontos-base na reunião de março, para 14,25% ao ano, com nova alta em maio. “ O dado de hoje confirmou que a dinâmica de inflação segue desafiadora e respalda a extensão do ciclo de aperto monetário em curso”, avalia.

O dado não trouxe novidades, e já estava desenhado pelo IPCA-15, prévia do mês, diz Patrícia Krause, economista chefe Latin America da Coface, que projeta mais um aumento nos juros. Essa também é a avaliação de Ian Lopes, economista da Valor Investimentos. “Provavelmente virá uma alta muito em linha com a ata divulgada na última reunião.”

“Como esperado, o grande vilão foi a energia elétrica, com alta considerável. Além disso, o reajuste das mensalidades escolares pesou forte no índice. Esse dado reforça um cenário desafiador para a política monetária”, diz Sidney Lima, analista CNPI da Ouro Preto Investimentos. Em um momento em que a inflação acima da meta mantém o Banco Central em alerta, ele acredita que o dado reforça a permanência do ciclo de aperto monetário e limita cortes na Selic.

Luiz Cesário, economista-chefe da Asset 1, diz que, embora tenha vindo em linha com as expectativas do mercado, a sua composição continua revelando um cenário preocupante para o BC. Ele afirma que há pressões disseminadas sobre a inflação que precisam ser combatidas pela instituição. “Os núcleos de inflação seguem pressionados, rodando em patamares acima do teto da banda da meta. E o núcleo de serviços permanece muito alto rodando em um patamar anualizado próximo a 8%”, diz.

O economista André Valério, do Banco Inter, concorda que o resultado do IPCA não deve alterar a trajetória da política monetária indicada no guidance dado na ata da última reunião. Para os próximos passos, entretanto, o economista vê como provável uma última alta na reunião de maio, de 50 pontos-base, levando a Selic a 14,75%. “As expectativas ainda não absorveram totalmente a melhora do câmbio neste primeiro trimestre, tampouco a desaceleração da atividade no último trimestre de 2024”, diz.

Mesmo com uma alta probabilidade de mais um aumento em maio, ele considera o cenário ainda muito incerto. “Isso torna prudente o Copom não se comprometer, neste momento, com nenhuma trajetória futura de política monetária”, diz.

A percepção de analistas e economistas sobre a ata divulgada após a reunião de janeiro, a primeira sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado de Lula para a presidência do Banco Central, é que o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu ainda mais o tom do que o comunicado. A fala mais dura foi percebida em relação às preocupações com inflação, controle fiscal e cenário externo.

O resultado de hoje do IPCA, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, mostra a força da aceleração da inflação no Brasil e põe mais pressão no BC para promover o aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião e aumentar ainda mais o tom da comunicação.

“Deve gerar uma comunicação dura que possa garantir que a autoridade monetária fará tudo a seu alcance para a convergência das expectativas da inflação”, afirma. Segundo ele, qualquer posicionamento do BC que se desvie dessa linha pode agravar significativamente o cenário para os ativos brasileiros, em especial o dólar.

Fonte: Veja

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